Tisanas com Toranjas

percurso | performance
Tisanas com Toranjas

Patrícia Portela

Data
29, 30 e 31 ago 18h30
Sessões
3
Duração
180'
Público-Alvo
Geral
Nº de Participantes
Limitado aos lugares disponíveis

Crescer não é o mesmo para uma unha, uma pessoa ou o PIB de um país. A decomposição de um ser humano, de uma planta ou de uma lixeira reflectem aspectos diferentes e muito específicos de cada um. Uma mesma palavra num contexto económico, político, ecológico, privado ou público tem significados diferentes. Regeneração, beleza ou tempo assumem diferentes significados em diferentes ambientes.

A partir de um convite de Sandra Oliveira para o Jardim de Artes e Letras, e partindo do princípio de que a construção de cada obra é uma continuação de um percurso artístico ao longo de uma vida, Patrícia Portela recupera lugares de instalações anteriores como Hortus (imagine 2020, Jardins de Verão da Fundação Calouste Gulbenkian), Parasomnia (Finalista do 1* Prémio Sonae/MNACC 2015) ou Odília ou a história das musas confusas no cérebro de Patrícia Portela (Landscape art Wales Festival 2001) e constrói um novo percurso pela Mata do Serrado em diálogo com as Tisanas de Ana Hatherly e Grapefruit de Yoko Ono.

Porquê? Porque sustentabilidade é desinvestir, é reorganizar, é reutilizar, é repensar, é estar sem consumir, é ser sem adquirir, é fazer de novo com o que se tem, dar novos rumos a velhas ideias e novas formas a velhos trapos, é não parar de transformar o que nos parece inacabado ou incerto. Porque a vida se tornou numa sucessão de actos eficazes que tentam garantir que não morremos nem de fome nem de tédio, ignorando que somos tão feitos de poeira estelar quanto de carne e osso, tão físicos e químicos como éticos e afectivos.

Porque estamos a perder uma das nossas qualidades mais básicas: ver de olhos fechados. Sonhar de olhos abertos, acordados. Reconhecer o universo no gesto mais simples e inventar a história mais fabulosa a partir da pedra de uma linha de horizonte.

Tisanas com Toranjas é um convite a parar e a descansar na Mata do Serrado através de pequenos gestos poéticos e performativos quotidianos. Como dormir uma sesta enquanto nos contam uma história. Tomar banho ao ar livre com azeite, sal e especiarias. Balouçar ou embalar alguém ao relento, a preparar o estendarl, a dobrar lençois e a fazer uma cama. Partilhar uma bebida soporífera enquanto decoramos um poema, contar uma história enquanto ouvimos outra. Conhecer alguém, cumprir uma instrução que nos faz descobrir um caminho, uma ideia, uma nova forma de estar, seguir instruções ou percorrer uma rede de micro-histórias, impressas em placas botânicas feitas de e- papel e espalhadas pela Mata do Serrado

 

Bio | Patrícia Portela é autora de performances e obras literárias e vive entre Portugal e a Bélgica. É licenciada em Realização Plástica do Espectáculo pela Escola Superior de Teatro e Cinema, com mestrados em cenografia e dramaturgia do espaço (Universidade de Utrecht e Central St Martins, Londres) e em filosofia (Universidade de Leuven). Tem ainda uma pós-graduação em teatralidade e performatividade (Antuérpia) e formação na European Film College, na Dinamarca.

É reconhecida nacional e internacionalmente, tendo recebido vários prémios, como o Prémio Madalena Azeredo de Perdigão (2005), o Prémio Teatro na Década (2003), entre outros. Publicou romances e novelas como Banquete (2012), Dias Úteis (2017) e Hífen (2022), todos editados pela Editorial Caminho.

Participou no International Writers Program (Iowa, 2013) e foi a primeira bolseira literária em Berlim da Embaixada Portuguesa na Alemanha (2016). Foi finalista do Prémio Media Art Sonae (2015) com a instalação Parasomnia. Leciona dramaturgia e imagem na Escola Superior de Teatro e Cinema e em outras instituições, tendo fundado o curso CEM DRAMATURGIAS e cofundado o PACAP no Forum Dança. É cronista no Jornal de Letras desde 2017 e colaborou com a Antena 1. Dirigiu o Teatro Viriato, em Viseu, entre 2020 e 2022, mantendo-o ativo durante a pandemia.