Cordas Sem Amarras #4

Vera Marmelo
“Filho da Mãe chega a Viseu com o sorriso do costume nos lábios, desta vez a propósito do JAL. Ainda com o seu último álbum na memória (Terra Dormente, 2020), mas com as novas ideias que farão parte de um novo disco já dormentes nos dedos. Será um concerto entre o que fez e algo do que fará, carregado do prazer que é voltar aos palcos a solo. Traz na memória os Jardins Efémeros lá ao longe, junto com os discos mais antigos, revisitar músicas e encontrar os ossos dos quais será feito o futuro. Um Jardim de Artes e Letras. Ainda bem que existe”.
Bio | Rui Carvalho é oriundo dos subúrbios de Sintra, de Queluz. É formado em Arqueologia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Especializa-se em Paleolítico e frequenta uma Pós- Graduação em Geoarquelogia na Faculdade de Ciências de Lisboa. Durante, perde-se na e para a música, que começou cedo com a guitarra do Pai (Membro efémero de Filarmónica Fraude). As primeiras incursões com mais visibilidade nos palcos são com os If Lucy Fell, banda de noise pós- hardcore com tendências para a matemática desajeitada. Mais tarde, põe em prática, relutantemente, a guitarra a solo com Filho da Mãe e dedica-se, num salto, a isso exclusivamente.
Estreou-se com “Palácio” (Rastilho Records- 2012) e seguiu-se um EP de sete polegadas a meias com Linda Martini. Em 2013 sai o segundo disco, “Cabeça” pela Cultura Fnac e Lovers & Lollypops. Entretanto colaborou ao vivo com músicos de Linda Martini, PAUS, com JIBÓIA, Norberto Lobo, Tó Trips e mais recentemente, num disco – “Tormenta”- a sair pela Revolv em 2016, com Ricardo Martins na bateria.
Em 2016 ainda houve tempo para lançar “Mergulho” a solo, novamente com o apoio da Cultura Fnac e através da Lovers&Lollypops. Em 2018 volta aos lançamentos com ÁGUA-MÁ, depois de uma residência improvisada no Funchal, em que juntou à desorientação geográfica, própria das bússolas partidas, alguma poncha. Neste ano começou também uma parceria com Cláudia Guerreiro (Linda Martini) não como música mas como ilustradora.
Os concertos de FILHO DA MÃE e ilustrados em “tempo real” pela Cláudia deram origem a um projecto chamado “ A AZENHA”. Retrata uma história de amor que se desenvolve à volta de uma casa algures no Alentejo e que une os dois intervenientes também. Trata-se de um concerto encenado tendo por base os desenhos de Jorge Vieira num primeiro momento mas que se pretende que evolua para outros cenários e narrativas.
Em 2022 sai “Terra Dormente”, antecede-lhe e pertence-lhe a pandemia COVID-19 e o confinar e desconfinar que a caracterizou. Foi gravado ao longo de dois anos e passou por três residências artísticas: Music Box (CTL), Ílhavo/ Gafanha da Nazaré (23 milhas) e de volta a Lisboa na Fábrica de Pão (CTL). O disco introduz a guitarra eléctrica num diálogo intermitente com a guitarra clássica para acentuar o efeito de duplicidade, de confusão entre dois mundos, um de sonho e outro de “realidade”. Desde Dezembro de 2023 agarra também a guitarra e integra a formação de LINDA MARTINI, participando já no último disco, PASSA-MONTANHAS, como co-autor. Para além da discografia e projectos mencionados, assina várias bandas sonoras e filmes-concerto.